segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

e mesmo quando evito ao máximo, sua lembrança vem ao meu encontro; no número que está gravado na cabeça quando começo a discar, no tom de voz que espero ouvir, em todos os meus gastos vinis, nas páginas em branco do meu caderno de anotações, no caminho para a faculdade, nas horas corridas e nas horas de ócio. ainda te vejo se espalhar gentilmente pelos meus planos, as suas manias nos meus cuidados, seus cabelos entre os meus dedos... e fica Madeleine na minha cabeça dizendo: "I´ll look around until I find someone who laughs like you".

eu não tenho mais assuntos ou razões para escrever; esse blog tá oficialmente fechado agora.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

(último post antes do "aparecimento")

*melhor filme dos últimos meses: Xeque - Mate (ou Lucky Number Slevin)

é daqueles que você vê e fala: rên!

mais informações aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/Lucky_Number_Slevin

e aqui: http://abesapiendiz.blogspot.com/2007/02/xeque-mate.html
pessoa de Brasília que entra no meu blog através de um Mac, manifeste-se...
só haverá próximo post depois da manifestação.
deve ser algum (a) designer/publicitária (entre outras profissões que exijam macs) que fica o dia inteiro à toa na frente do pc e tem que se ocupar de alguma forma. apareça, ser! hehehehe

*tem uma galera de outros países, vários estranhos (até Tailândia já rolou).

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

eu uso o orkut (principalmente) para isso:

De cogitare, "pensar", em latim... Machado de Assis, em seus livros, freqüentemente usa o verbo "cuidar" com este sentido latino...
Quando se está "cuidando" (tratando) de alguém, está-se tb pensando nesta pessoa, no bem dela...


(.........)


Assim, se alguém cuida de outro, isto significa que seu pensar está voltado para esta pessoa. Daí a razão de "cuidar" estar relacionado com "amar", por exemplo. "Quem ama, cuida!", ou, na formula nupcial: "Prometo amar, cuidar..." Há uma proximidade de pensamento com o sentido de "consideração" e também com "respeito", pois quem considera outra pessoa, (normalmente com sentido positivo), a leva em conta, pensa nela, se concentra nela. Este tipo de concentração devota é o germe da devoção amorosa. Como "respeitar" tem o sentido inicial de "olhar novamente", segundo post já editado aqui, segue uma linha semelhante de pensamento. Se olha segunda vez, é porque tal pessoa ou coisa captou a atenção e os pensamentos do observador. Hoje, a palavra "respeitar" significa mais ou menos "obedecer aos limites dos direitos e deveres para com outrem", o que é uma das bases de um relacionamento sadio. Daí, ser comum entre pessoas que se dão bem e que se amam dizerem um ao outro: "Você não sai do meu pensamento!"

ÓCIO!


tá chegando, tá chegando.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

trabalhos, trabalhos...

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

domingo, 2 de dezembro de 2007

se tu vens, por exemplo, às 4...


...desde as 3 começarei a ser feliz.

(quem lembra?)

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

queria tomar um banho bem quente com aquele sabonete que ainda não consegui definir direito a cor, colocar um pijama bem largo, de seda branca, dormir e não acordar mais. queria um sono sereno que me desmaterializasse aos poucos, enquanto sobrasse alguma lembrança doce que iria se esvaindo sutilmente. eu sentiria uma sensação de levitação e iria me despregando de calendários, relógios, meses, remédios, papéis, filmes, ônibus... tudo iria passando por mim sem deixar resquícios, como quando ficamos vendo as passagens correrem pelo vidro do carro sem nada nos chamar atenção. eu realmente queria me livrar desse cansaço, dessa culpa, dessa saudade, solidão, descrença; queria que todo o sofrimento - do mundo e meu quanto um ser encaixada nele - sumisse calmamente enquanto durmo, enquanto viro conversas saudosas nas bocas de meus amigos, enquanto deixo meus livros, meus rabiscos, meus porres e meus poucos anos.
dezembro é um inferno. I-N-F-E-R-N-O!!!!!!!!!
um só mês consegue juntar aniversário, natal e reveillon.... ¬¬
são muitos dias com sorriso amarelo, eu não agüento.



saudade...

o lugar mais bonito onde eu estive até hoje.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Seqüência 3
Abrir a porta sem ruído, cuidado para que o metal da chave no metal da fechadura não grite agudo acordando os outros. Tira os sapatos, o corpo vacila, arrota, a mão vai roçando pela parede fria até o corrimão: dezenove degraus, anos de aprendizagem. Dentro do escuro, o retângulo mais claro da porta do banheiro. Acende a luz, mas não é necessário, luz cinza forte que vara as frestas. No espelho cabelos caindo, olhos inchados na cara branca, a culpa é deles que deixaram tudo torto assim ou é a gente mesmo que está envelhecendo sem achar outra coisa, hein, cara? Abrir o chuveiro, a água pinga gotas geladas contra os mosaicos do piso, harmonizando primeiro com as batidas do coração, depois com as contrações do estômago. Levanta a tampa cor-de-rosa da privada, num salto o estômago sobe até a garganta escura ardida de cigarros, de palavras, de cervejas. Apenas curva a parte superior do corpo, e vai caindo devagar, os braços enlaçando a louça colorida como se fosse o corpo de Sonia Braga, cabeça enfiada no vaso, dedo na garganta. Bem fundo — imaginar, imaginar—, bem fundo. Então vomita vomita vomita vomita vomita vomita vomita. Sete vezes, feito um ritual.
Amanhã tem mais.

Loucura, Chiclete e Som - Caio Fernando Abreu


*
o famoooooso "ritual-do-gorfo"

link para quem quiser ler na íntegra: http://semamorsoaloucura.blogspot.com/2007/07/loucura-chiclete-som.html

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

(...) mas não, não era assim, em casa um bode mas você saía e via as pessoas e daí esquecia, todo mundo numa boa, agora em casa é um bode, na rua é outro bode, na casa do teu amigo é mais um bode (...)

Loucura, Chiclete e Som - Caio Fernando Abreu
*Yonderboi - Even If You Are Victorious.mp3

pra Nívia, da coletânea Erotic Lounge.


legenda da foto: "ah, você tá de sacanagem..."

*minha mãe estava testando todos os jeitos possíveis de tirar foto com a câmera para ver como a imagem ficava melhor e a modelo tinha que ser eu, tem umas 15 fotos iguais a essa na mesma pasta.

*igreja de Bom Jesus da Lapa - tava rolando alguma comemoração católica, por isso a lotação.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

acho que gostar de ler vem um pouco da impossibilidade de abraçar o mundo inteiro com as suas mãos e dar uma boa espiada em tudo ao mesmo tempo; a minha vontade nasce daí. tendo conhecimento de que é impossível conhecer todas as pessoas, culturas, músicas, ambientes, etc. o que me resta é ler o quanto puder para tentar me sintonizar com outras formas de pensar, conseqüentemente, outras formas de viver.

(eu tô sem saco pra concluir meu raciocínio, na verdade eu deveria estar estudando o alfabeto fonético - um saaaaaaaaco).

domingo, 18 de novembro de 2007

- Rê Bordosa - diz:
conseguiu???
Marina diz:
tentando
- Rê Bordosa - diz:
e aí????
Marina diz:
uai
Marina diz:
tentando ainda
Marina diz:
ai dpeois ter q comprar gol ai
- Rê Bordosa - diz:
pra goiania?
Marina diz:
é
Marina diz:
o viagem q vai sair cara
Marina diz:
dava um tour na europa
- Rê Bordosa - diz:
vc vai me ver...
- Rê Bordosa - diz:
pra que europa??
Marina diz:
hahahahahhahahahah
Marina diz:
JAMAICA

Marina diz:
HAWAII
- Rê Bordosa - diz:
hehehehehehe
- Rê Bordosa - diz:
mas tudo sem mim
- Rê Bordosa - diz:
monótono
- Rê Bordosa - diz:
sem graça
Marina diz:
mas onde o ser vai
Marina diz:
GOIANIA

Marina diz:
ahhahahaha
- Rê Bordosa - diz:
kkkkkkkkkkkkkk
Marina diz:
é verdadew


=D
=D
=D
=D

*ê, lê lê... só isso pra salvar o ano.


*o melhor da amizade é a sinceridade; sempre.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

(...)As denúncias apresentadas à Comissão foram: inexistência de Plano de Carreira do Magistério; baixos salários dos professores ou utilização de recursos da parcela de 60% para outros fins; atraso de salários, pagamento fictício a professores ou retenção de desconto para outros fins como pagamento da habilitação; aplicação inferior a 60% dos recursos na remuneração do magistério em efetivo exercício no ensino fundamental; utilização de 60% para pagamento de professores de outros níveis de ensino ou desviados de função; aplicação dos recursos em despesas que não podem ser consideradas como de manutenção ou desenvolvimento do ensino; aquisição e manutenção de veículos alheios aos interesses do ensino ou utilização do veículo escolar para outros fins; cadastro fictício de alunos e/ou professores; inexistência ou inoperância do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundef; falta de repasse de informações; procedimentos licitatórios suspeitos, superfaturamento de obras ou compras. (...)

*sabe aquela vontade profunda de ser professora? ela inexiste para o meu ser.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

hoje foi um dia de vários encontros inusitados para eu ficar aqui pesquisando sobre o FUNDEF.


*pode ser difícil encontrar o "apaixonado" no eixão, mas não é tão complicado assim quando você para pra tomar exatamente duas cervejas quando está saindo da aula.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

o problema, o grande problema, é que eu acho que já passei da fase de competir. aliás, minto. eu nunca tive a fase de competir, sempre preferi brincar sozinha. brincar sozinha fode com a sua vida quando você sente vontade de sentar no chão e chamar alguém para jogar alguma coisa de tabuleiro; querendo ou não, o jogo sempre vai ser chato. bom, talvez chato não seja a palavra certa; você não vai querer jogar conforme as regras ditadas no livrinho (mesmo porque você nunca leu) e a outra pessoa não vai nem um pouco com a cara das suas regras que você demorou anos para criar. eu desviei totalmente do que estava pensando em falar quando digitei a primeira frase; a verdade é essa: eu já passei da fase de competir, mesmo nunca tendo existido.
lendo a matéria sobre a "garota do metrô" e seu apaixonado fiquei imaginando quão difícil seria para a minha pessoa achar alguém no eixão de goiânia, principalmente nos horários em que eu o pego. daí você pensa, quantos amores são inventados ao longo da vida?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

acredito ter perdido quase todas as minhas lembranças, o problema é que ainda não descobri se isso é uma coisa boa ou ruim. o rompimento definitivo do resto de laços que sobravam, a tão esperada indiferença diante de tal e tal pessoa; pra quê? cadê os pulinhos de felicidade que eu tanto pensei que daria? sobra um oco, um espaço com uma acústica perfeita embora haja somente uma ausência de som. o espaço será novamente preenchido com novas lembranças? das pessoas que passaram na minha vida (amorosamente falando - embora hoje soe irônico falar dessa forma) acho que lembro de umas 2 (detalhes: cor dos olhos, voz, abraço, etc), curiosamente não são nada recentes e acredito não ter mais vontade nenhuma de repetir o que está guardado no passado.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

deve ter algo muito estranho acontecendo quando você começa a se sentir assim. e é tudo por culpa sua.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

"Sofrer É desnecessário. Mas temos de sofrer antes de sermos capazes de perceber que
isto é assim mesmo. Somente então o verdadeiro significado do sofrimento humano fica claro. No
último momento desesperado - quando já não podemos sofrer mais! - algo acontece, com a
natureza de um milagre. A grande ferida aberta que vertia o sangue da vida se fecha, o
organismo floresce como uma roseira. Estamos "livres", por fim, e não "com saudades da
Rússia", mas com a ânsia de mais liberdade, de mais felicidade. A árvore da vida é
mantida viva não por meio de lágrimas, mas pelo conhecimento de que a liberdade é real e
perpétua."


....e, conseqüentemente, Henry Miller vem junto...

"Na manhã em que me levantei para começar este livro tossi. Algo estava a sair-me da garganta, a estrangular-me. Rasguei o cordão que o retinha e arranquei-o. Voltei para a cama e disse: Acabo de cuspir o coração."


Eis que Anaïs Nin volta à minha vida num dia chuvoso, acho que ela sempre apareceu em dias assim.


segunda-feira, 5 de novembro de 2007

o Erotic Lounge retornou à minha vida (embora de uma forma muito menos interessante do que deveria).

Morcheeba - Slow down

muuuuuuuito atrasada para o horário da fofoca.

sábado, 3 de novembro de 2007

por que é tão difícil encontrar textos do Cioran na internet? confesso que fico com preguiça de ler em inglês, o que é bem feio da minha parte visto que o vocabulário dele nem é tão complexo.

HOMEM, O ANIMAL INSONE

(E. M. Cioran)

Quem quer que tenha dito que o sono é o equivalente da esperança teve uma intuição penetrante da assustadora importância não só do sono mas também da insônia! A importância da insônia é tão colossal que sou tentado a definir o homem como sendo o animal que não pode dormir. Por que chamá-lo de animal racional, se há outros igualmente razoáveis? Mas não existe outro animal em toda a criação que queira dormir e não possa. O sono é esquecimento: o drama da vida, suas complicações e obsessões se desfazem completamente, e cada despertar é um novo começo, uma nova esperança. Assim a vida mantém uma agradável descontinuidade, a ilusão de uma permanente regeneração. A insônia, por sua vez, da à luz um sentimento de tristeza irrevogável, de desespero e agonia. O homem saudável – o animal – apenas chapinha na insônia: ele nada sabe sobre esses que dariam um reino por uma hora de sono inconsciente, esses que se horrorizam tanto diante de uma cama quanto diante de uma mesa de tortura. Há um vínculo estreito entre a insônia e o desespero. A perda da esperança vem com a perda do sono. A diferença entre o paraíso e o inferno: pode-se sempre dormir no paraíso, mas nunca no inferno. Deus puniu o homem tirando-lhe o sono e dando-lhe o conhecimento. Não é a privação do sono uma das torturas mais cruéis praticadas nas prisões? Os loucos sofrem enormemente com a insônia, daí as suas depressões, o seu desgosto com a vida, e os seus impulsos suicidas. Não é a sensação –típica das alucinações acordadas – de mergulhar num abismo uma forma de loucura? Os que cometem suicídio atirando-se de pontes para dentro dos rios ou de edifícios sobre os calçamentos, motiva-os por certo um desejo cego de cair e a atração ofuscante das profundezas abismais.

Minha alma é caos, como pode então ser? Tudo está em mim: procura e encontrarás. Sou um fóssil que data do princípio do mundo: nem todos os seus elementos cristalizaram completamente, o caos inicial ainda transparece. Sou a absoluta contradição, o clímax das antinomias, o último limite das tensões; em mim tudo é possível, pois sou aquele que no momento supremo, diante do nada absoluto, gargalhará.


*On the heights of despair – Tradução de Renato Suttana
*ouvindo Pet Sho Boys na minha rádio do Yahoo.
quarta passada, Athena:

- leeeeet´s make lots of money... lalalala
- você gosta de Pet Shop Boys?
- claro!
- nossa, você é a única menina que eu conheço que gosta
- eu tenho um lado muito gay.

sim, eu assumi; eu tenho um lado MUITO gay! (mas confesso não gostar tanto assim da Cher.... mentira!)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

sabe quando toca uma certa música em algum lugar que te leva para um momento único? ontem aconteceu isso. sim, foi com uma música extremamente tosca... mas... me deixou com saudades da minha "companhêra" fiel - ela tem que voltar logo para comprarmos nossa Kombi.

Arnaldo E Alexandre - Do Outro Lado Da Cidade Lyrics



Hoje eu vou voltar de madrugada,
Sei que ela vai brigar comigo,
Hoje o meu astral não tá com nada,
Vou beber cerveja com os amigos...

Ela não tem culpa dos meus erros,
Ela não conhece o meu passado,
Enquanto ela me abraça e me beija,
Meu coração está do outro lado...

Do outro lado da cidade tem,
Alguém que me deixa dividido,
Uma diz que sou um bom amante,
A outra diz que sou um bom marido...
Se eu pudesse ficar com as duas,
Não estaria neste embaraço,
Vou ter que fazer só uma feliz,
Porque eu não acho certo o que faço...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Sonzinho boooom: Ayo - Life is Real
terceiro, quarto, quinto, vigésimo, centésimo, milésimo plano. você vai se acostumando, sabe?

sábado, 27 de outubro de 2007

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

outra música que você não vai baixar!

*provavelmente você nem tem mais o endereço do meu blog, eu também não tenho o seu e sempre esqueço de pedir. quem sabe um dia você entra e vê as musiquinhas? melhor ainda, quem sabe um dia você entra e resolve BAIXAR as musiquinhas? na verdade isso tudo faz parte da minha evolução-contra-a-preguiça-que-me-domina; antes eu sequer conseguia mandar e-mail, agora sou um ser melhor, evoluído, espiritualizado, etc.


a dita cuja: Kassin+2 - Namorados
há coisas que não voltam atrás, a cada dia eu vejo que nasci para aprender isso. não dá para reverter certos processos, seja para o bem ou mal; a gente passa a vida inteira pensando que a única coisa imutável é a morte, isso é besteira. não, eu não estou falando de destino, refiro-me a escolhas. esse ano foi repleto de escolhas para mudar a minha vida de cabeça pra baixo, confesso que em algumas vezes eu cheguei a me divertir, o fato é que agora, mais pro final, estou exausta. tá, eu não acredito nessa tradição de que a virada do ano dá aquela chacoalhada para mudar tudo, mas... não custa me agarrar a qualquer santo, né?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

o trecho que traduz o agora:

"Se antes de cada acto nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as provávéis, depois as possíveis, depois as imagináveis, nao chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar".
(Ensaio sobre a cegueira)

perdi as contas de quantas vezes peguei esse livro pra ler e, de alguma forma, ele sumiu de mim.



*agora = 5 anos atrás até esse exato segundo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

pra Marina:

Dona Zica + Céu - Salve

mp3 para você baixar, vou tentar colocar sempre.
"só tenho vontade de escrever num estado explosivo, na excitação ou na crispação, num estupor transformado em frenesi, num clima de ajuste de contas em que as invectivas substituem as bofetadas e os golpes. Em geral, começa assim: um ligeiro tremor que se torna cada vez mais forte, como depois de um insulto que se recebeu sem responder. Expressão equivale à réplica tardia ou à agressão adiada. Escrevo para não passar ao ato, para evitar uma crise. A expressão é alívio, desforra indireta daquele que não consegue digerir uma vergonha e que se revolta em palavras contra os seus semelhantes e contra si mesmo. A indignação é menos um gesto moral que literário, é mesmo a mola da inspiração. E a sabedoria? É justamente o oposto. O sábio em nós arruína todos os nossos élans, é o sabotador que nos enfraquece e nos paralisa, que espreita em nós o louco para dominá-lo e comprometê-lo, para desonrá-lo. A inspiração? Um desequilíbrio súbito, volúpia inominável de se afirmar ou de se destruir. Não escrevi uma única linha na minha temperatura normal. E, no entanto, durante muitos anos, me julguei o único indivíduo livre de taras. Esse orgulho me foi benéfico: me permitiu escrever. Parei praticamente de produzir quando, apaziguado o meu delírio, me tornei vítima de uma modéstia perniciosa e funesta para esta exaltação de que emanam as intuições e as verdades. Só consigo produzir quando, tendo desaparecido subitamente o sentido do ridículo, me considero o começo e o fim."

tenho me apaixonado cada vez mais por Emil Cioran - e cada vez menos por inúmeros outros "seres".

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

faltam exatas 50 páginas para eu terminar de ler "a menina que roubava livros". hoje me sinto arrependida depois do que cometi ontem; li da página 150 à 400-e-alguma-coisa antes de dormir, o problema é que eu reprovo todo mundo que tem essa mania de ficar engolindo livros pela sede de saber logo o desfecho da história, me peguei fazendo o que sempre critico, embora por outras razões. a falta de sono. a falta de sono foi a primeira razão para quase acabar com o livro numa "deitada só", o calor contribui um tanto. é claro que a falta de sono veio por motivos que não merecem ser explicados, outra razão é que o livro não deixa de ter um ar de melancolia (alemanha nazista+morte como narradora) que me envolveu fazendo esquecer da minha própria e soltar uns chorinhos no meio da leitura disfarçados pela morte de alguém ou algo do tipo.

domingo, 30 de setembro de 2007

quanto tempo até que eu consiga finalmente me convencer de que está tudo certo? o abraço encolhido embaixo do lençol nesses dias quentes, os pensamentos que são desviados por qualquer outra coisa diante da impossibilidade de uma repetição de fatos. uma repetição de fatos. por que eu não consigo parar de pensar nessa repetição? os dias parecem cada vez mais iguais e sem vida, sem cor, sem som, sem cheiro, sem nada; o calor pesa na entrada pelos pulmões e isso não me incomoda mais, nem as cigarras, nem a fumaça, nem as pessoas que andam e andam para lugar algum. uma repetição de fatos, seria só isso? eu não consigo mais sonhar, as coisas viraram impulsos ridículos que nunca remetem a nada. uma repetição de fatos que nunca se gastariam, era isso que eu queria (novamente).

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Today's fortune: You are going to have some new clothes

oh, really?
ontem eu sonhei com ele. ele que não habitava meus sonhos há anos, ele cuja voz não reconheço mais, ele que nunca mais tentou me empurrar chocolate, ele que adorava vinhos e realmente sabia muito a respeito, ele que era sempre irritantemente pontual e limpinho e cheirosinho e impecável. o sonho veio com o cheiro forte daquelas coisas que ficam guardadas num canto que você nunca lembra, nem mesmo quando perde algo e fica procurando por semanas até desistir e achar naturalmente; o sonho veio meio nebuloso e foi melhorando aos poucos, afinal, ele odeia clima chuvoso - talvez por isso tenha tido tanto interesse pelo meus país. o que importa é que, considerando a minha paixão por aromas, acordei tentando lembrar do cheiro dele, qualquer cheiro que me remetesse a ele - o vão que ficou entre nós (a lembrança do cheiro e eu) foram o bastante para que mais essa alminha da minha vida fosse colocada de volta em seu devido lugar, não antes de uma boa lavada e penduricalhos para que eu preste mais atenção àquele espaço que me traz tantas coisas gostosas.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
(...)

Carlos Drummond de Andrade - Quero


sou obrigada a discordar do Drummond nesse poema, não consigo sequer imaginar o quão banal essa frase seria quando repetida inúmeras vezes. Eu te amo, eu te amo, eu te amo... chega uma hora que vira meramente linguagem fática, não? como quando você repete seqüencialmente a palavra casebre; depois de um tempo o sentido em si some da sua mente e fica só um agrupamento de sons. o resto do poema eu não lembro de cor, discorre toda uma teoria de que ele só teria certeza de ser amado se a sua amante ficasse falando o tempo todo que o amava, é claro que com as palavras de Drummond tudo adquire um floreio, mas é basicamente isso. será que as pessoas realmente precisam tanto assim dessas palavras para crerem num sentimento? eu tenho medo de pensar isso.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Eu realmente não entendo a poesia que existe em São Paulo, acho que a cidade é tão feia, tão poluída (de todas as formas), tão "gasta" e tão assustadora que as pessoas se vêem obrigadas a achar algo de belo no meio disso tudo. Acho que vou morrer sem gostar dessa cidade, se depender de mim nunca mais respiro aquela fumaça densa que vai adentrando os pulmões quase sem vida - e olha que eu fumo.
As pichações, o MASP, Ibirapuera, as "melhores baladas", o sotaque irritante, o pão com mortadela, a Paulista; por mim explodiria tudo e começaria tudo do zero, de volta ao batidão de terra. A única coisa que me interessa em São Paulo são as estradas rumo às praias - que, para quem conhece o Nordeste, parecem piada.


Link da foto: www.fotolog.com/playgroundlover

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ultimamente tenho tudo uma vontade incontrolável de conhecer o mundo coincidindo com o meu desejo de casar, eu não poderia deixar de ser contraditória nunca. Eu não consigo parar de pensar naquele cartão-postal: ”esse mundo é muito grande para ficarmos num só lugar”. É, há muitas opções. Diante de tudo eu tenho duas hipóteses: espero me estabilizar na vida para poder fazer uma viagem confortável ou encaro um mochilão de verdade logo após formar.

Eu estudei por pelo menos 18 anos da minha vida para ter um canudo em minhas mãos; no começo era um simples objeto que simbolizava uma troca de “tia”, uma noite de festa e o começa das férias. Os anos passaram e o canudo passou a simbolizar uma independência embalada que se soltaria e seria minha maior posse (única até então) num simples estalar de dedos. Quanto mais penso do fim da minha faculdade me vem a certeza de que essa “liberdade” sempre estará bem longe de mim, a diferença é que à medida que os anos me devoram, ela se encontra em mãos diferentes. Poderia me enganar com pequenas conquistas: roupas caras, carros, uma cobertura em frente a praia, baladas caras e extremamente disputadas; o problema é a falta de encanto – e até banalidade – que vejo nisso tudo. O meu grande sonho era ter esse tipo de ambição, ser “alguém na vida”, a pessoa com quem você não tem nem idéia de quem seja enquanto me desacata, a dona da empresa, do bairro, de tudo – acredito que quando se é megalomaníaco assim, não há espaço para tristezas ou vazio.

É claro que eu posso muito bem parar de ser radical e sentar minha bunda numa cadeira esperando minhas ridículas férias, ano após ano, até chegar a tão almejada aposentadoria. Com o dinheiro dos meus anos de trabalho posso finalmente conhecer os lugares que ainda estarão lá, eu espero; resta-me torcer para que o ânimo não tenha se esvaído após tanto tempo de descrença, contas, impostos, cansaço. Quem sabe eu me torne uma velha amarga e cheia de dinheiro por não ter com o que gastar, o meu fim talvez chegue com um pôr-do-sol tranqüilo acompanhado de um daiquiri no deck do Café del Mar.

Na realidade o nosso sistema de viver nunca fez sentido nenhum na minha cabeça, a única solução seria passar de lugar em lugar para não ser obrigada a me encaixar em nenhum.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

eu me caso com o primeiro homem que tenha tempo para me escutar e que realmente ouça o que tenho para dizer, mesmo sendo besteira. eu me caso com o primeiro abraço com cheiro de amaciante, com o primeiro sorriso com covinha, com a mão que aperte a minha de leve enquanto caminhamos. eu me caso com ou sem aliança, diante ou não de um juiz; eu até mesmo aceito cerimônia, branco e madrinhas. alguém que queira uma casa na praia me teria todo dia, por inteira. alguém mais alto que eu e que me transmita confiança, um colo que eu tenha como refúgio do mundo louco em que vivo/crio. tomara que esse alguém apareça bem daqui a uns bons meses, depois que eu parar de cheirar a mertiolate (?) tão de longe.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

nesses dias de calor intenso e secura brava eu me pego totalmente nostálgica, os dias extremamente ensolarados me trazem lembranças de risadas que há muito não me acompanham. entre uma lembrança e outra fico me perguntando o que eles andam fazendo, que rumo seguiram, em que cidade estão morando... essas perguntas todas acabam ficando como curiosidades, raramente vou checar, me falta tato para esses encontros repentinos depois de anos distantes. o mesmo acontece com aqueles que me namoraram; a saudade vem seguida de uma impossibilidade de reencontro, tudo que eu sentia antes por cada um (ódio, rancor, afinidade, amizade) sumiu aos poucos deixando lugar para essa saudade blasé que me enrosca pelos pés e logo depois arranja algo para brincar.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Há muito não falava, em determinadas épocas se esquecia de sua própria voz. Cumpria logo as suas obrigações para poder ficar sozinha sem que alguém a procurasse, vagava pelos cantos da sala de maneira imperceptível. Tinha mania de contar quantos passos dava de um lugar para outro, logo marcou toda a casa. Sempre adorou margaridas; colhia todos os dias um punhado e as colocava na janela. Passava tardes e tardes na janela.
Uma das suas poucas diversões era fazer bolas de sabão projetando-as para a rua, deixava sempre um copinho com sabão em uma escrivaninha ao lado da cama. O quarto se constituía assim: a cama era encostada na parede da porta, do lado esquerdo esquerdo ficava a escrivaninha, na parede à esquerda da cama estava a janela e, por fim, à frente da janela era colocada uma cadeira. Ninguém tinha consciência, mas nos últimos anos havia sempre um diário e uma caneta ao lado do copo com sabão; sua última anotação fôra: dói bem aqui - alguns meses antes do que chamavam enlouquecimento.
Pouco se sabe sobre ela, as pessoas costumavam não notar sua presença; às vezes um ou outro se surpreendia ao se deparar com ela ainda ali, soprando bolhas, mandando seus pensamentos pelo ar na falta de tinta para escrevê-los em papel.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

fico pensando na vida daquelas mulheres que foram criadas para o casamento, aquelas da pele bem branca e de traços mui finos, as mãos delicadas e macias de quem nunca pegou em nada salvo livros e teclas (?) de piano. eu não consigo deixar de pensar em como eu me encaixaria naquele estilo de vida, como seria minha fisionomia, minhas roupas, meus pensamentos, minha letra definida com a ponta da pena... de quem eu sentiria saudade? será que eu sentiria saudade? e meu marido, como seria? eu imagino que ele teria um cheiro suave de colônia e seria demasiado protetor, o imagino com uma barba rala e cabelo grisalho - acima de tudo eu o imagino rindo raramente. eu certamente teria uma biblioteca repleta de livros onde eu passaria horas a fio da minha vida, praticamente ela toda. meus filhos seriam estudiosos e inquietos ao mesmo tempo, o suficiente para também aprender com a vida. o cheiro seria um incenso bem suave percorrendo os longos e intermináveis corredores, sândalo ou cravo. antes eu pensava que morreria de tédio nessa rotina, agora me vejo encaixando em tudo perfeitamente bem, com um certo conforto. sinto que hoje eu renunciaria a tudo por esse conforto, esse horário do meu marido chegar em casa, o esquentar da cama ao anoitecer, a respiração profunda de whisky na minha nuca (todos os homens da minha vida tinham respiração de whisky); no fundo eu acho que preciso daquela certeza de quem não vai embora, mesmo que seja por um compromisso entre famílias; acredito que ao longo do tempo a gente se ilude e começa a achar que tudo isso é amor.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

eu queria ter aproveitado mais a minha avó. eu devia ter tido mais a minha avó para não ser tão carente hoje em dia, ou para ter aprendido a demonstrar. lembro de uma vez que fui atropelada na porta da minha casa depois de ir telefonar no orelhão da esquina a fim de bater aquele papo diário que a gente mantinha, eu não lembro exatamente das conversas; o que ficou daqueles telefonemas é a idéia de que eu não conseguia conversar com mais ninguém a não ser ela, eu ficava esperando o dia inteiro até o ponteiro do relógio marcar o horário em que eu desceria para me direcionar à esquina, direto para o orelhão.
acho que Caldas Novas sempre vai me lembrar aquelas nossas viagens com o porta-malas repleto de milhopãs, pães de forma, presunto e latinhas de coca-cola; ela sabia exatamente todas as coisas que eu gostava e a forma como eu gostava, minha mãe até hoje não sabe que eu não gosto de queijo. eu lembro do cheiro daquela casa, da cor das paredes, dos papéis na gaveta, da textura do baralho, das vozes, da sonolência ao me acompanhar pela madrugada.... acima de tudo eu lembro do amor, da atenção, do orgulho, do brilho nos olhos; será que um dia eu vou ser novamente a "garota dos olhos" de alguém? será que eu mereço novamente esse tipo de amor tão cuidadoso? a verdade é que eu acho que não sei mais ser cuidada, não sei mais pedir colo, não sei nem se me portarei bem ao recebê-lo; sinto que passei metade da minha vida atrás de carinho e atenção e outra metade dela correndo justamente disso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

e se eu me agarrar aos seus cabelos? e se eu me jogar aos seus pés e dar meu corpo, meu cheiro, meus olhos, meu rim? e se eu te escrever cartas enromes com as minhas besteiras? e se eu tatuar meu corpo, ir morar na praia, ler Bukowski? e se eu pintar o cabelo, cortar, anelar? e se eu mudar minha altura, meu peso, minha cor? e se eu te ligar o dia todo? e se eu parar de ligar? e se eu projetar meus pensamentos numa tela em branco e você perceber que só tem você? e se eu aprender a dançar ritmos caribenhos? e se eu for um pouquinho mais inteligente? e se eu parar de beber cerveja, vodka, caipirinha? e se eu parar de ouvir reggae? e se eu apagar toda a minha agenda telefônica? e se eu comprar roupas novas? e se eu escrever um livro? e se eu pintar o céu de verde? e se eu ficar? e se eu for embora? será que você esquece ela? será que você lembra mais de mim?
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