domingo, 30 de setembro de 2007

quanto tempo até que eu consiga finalmente me convencer de que está tudo certo? o abraço encolhido embaixo do lençol nesses dias quentes, os pensamentos que são desviados por qualquer outra coisa diante da impossibilidade de uma repetição de fatos. uma repetição de fatos. por que eu não consigo parar de pensar nessa repetição? os dias parecem cada vez mais iguais e sem vida, sem cor, sem som, sem cheiro, sem nada; o calor pesa na entrada pelos pulmões e isso não me incomoda mais, nem as cigarras, nem a fumaça, nem as pessoas que andam e andam para lugar algum. uma repetição de fatos, seria só isso? eu não consigo mais sonhar, as coisas viraram impulsos ridículos que nunca remetem a nada. uma repetição de fatos que nunca se gastariam, era isso que eu queria (novamente).

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Today's fortune: You are going to have some new clothes

oh, really?
ontem eu sonhei com ele. ele que não habitava meus sonhos há anos, ele cuja voz não reconheço mais, ele que nunca mais tentou me empurrar chocolate, ele que adorava vinhos e realmente sabia muito a respeito, ele que era sempre irritantemente pontual e limpinho e cheirosinho e impecável. o sonho veio com o cheiro forte daquelas coisas que ficam guardadas num canto que você nunca lembra, nem mesmo quando perde algo e fica procurando por semanas até desistir e achar naturalmente; o sonho veio meio nebuloso e foi melhorando aos poucos, afinal, ele odeia clima chuvoso - talvez por isso tenha tido tanto interesse pelo meus país. o que importa é que, considerando a minha paixão por aromas, acordei tentando lembrar do cheiro dele, qualquer cheiro que me remetesse a ele - o vão que ficou entre nós (a lembrança do cheiro e eu) foram o bastante para que mais essa alminha da minha vida fosse colocada de volta em seu devido lugar, não antes de uma boa lavada e penduricalhos para que eu preste mais atenção àquele espaço que me traz tantas coisas gostosas.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
(...)

Carlos Drummond de Andrade - Quero


sou obrigada a discordar do Drummond nesse poema, não consigo sequer imaginar o quão banal essa frase seria quando repetida inúmeras vezes. Eu te amo, eu te amo, eu te amo... chega uma hora que vira meramente linguagem fática, não? como quando você repete seqüencialmente a palavra casebre; depois de um tempo o sentido em si some da sua mente e fica só um agrupamento de sons. o resto do poema eu não lembro de cor, discorre toda uma teoria de que ele só teria certeza de ser amado se a sua amante ficasse falando o tempo todo que o amava, é claro que com as palavras de Drummond tudo adquire um floreio, mas é basicamente isso. será que as pessoas realmente precisam tanto assim dessas palavras para crerem num sentimento? eu tenho medo de pensar isso.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Eu realmente não entendo a poesia que existe em São Paulo, acho que a cidade é tão feia, tão poluída (de todas as formas), tão "gasta" e tão assustadora que as pessoas se vêem obrigadas a achar algo de belo no meio disso tudo. Acho que vou morrer sem gostar dessa cidade, se depender de mim nunca mais respiro aquela fumaça densa que vai adentrando os pulmões quase sem vida - e olha que eu fumo.
As pichações, o MASP, Ibirapuera, as "melhores baladas", o sotaque irritante, o pão com mortadela, a Paulista; por mim explodiria tudo e começaria tudo do zero, de volta ao batidão de terra. A única coisa que me interessa em São Paulo são as estradas rumo às praias - que, para quem conhece o Nordeste, parecem piada.


Link da foto: www.fotolog.com/playgroundlover

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Ultimamente tenho tudo uma vontade incontrolável de conhecer o mundo coincidindo com o meu desejo de casar, eu não poderia deixar de ser contraditória nunca. Eu não consigo parar de pensar naquele cartão-postal: ”esse mundo é muito grande para ficarmos num só lugar”. É, há muitas opções. Diante de tudo eu tenho duas hipóteses: espero me estabilizar na vida para poder fazer uma viagem confortável ou encaro um mochilão de verdade logo após formar.

Eu estudei por pelo menos 18 anos da minha vida para ter um canudo em minhas mãos; no começo era um simples objeto que simbolizava uma troca de “tia”, uma noite de festa e o começa das férias. Os anos passaram e o canudo passou a simbolizar uma independência embalada que se soltaria e seria minha maior posse (única até então) num simples estalar de dedos. Quanto mais penso do fim da minha faculdade me vem a certeza de que essa “liberdade” sempre estará bem longe de mim, a diferença é que à medida que os anos me devoram, ela se encontra em mãos diferentes. Poderia me enganar com pequenas conquistas: roupas caras, carros, uma cobertura em frente a praia, baladas caras e extremamente disputadas; o problema é a falta de encanto – e até banalidade – que vejo nisso tudo. O meu grande sonho era ter esse tipo de ambição, ser “alguém na vida”, a pessoa com quem você não tem nem idéia de quem seja enquanto me desacata, a dona da empresa, do bairro, de tudo – acredito que quando se é megalomaníaco assim, não há espaço para tristezas ou vazio.

É claro que eu posso muito bem parar de ser radical e sentar minha bunda numa cadeira esperando minhas ridículas férias, ano após ano, até chegar a tão almejada aposentadoria. Com o dinheiro dos meus anos de trabalho posso finalmente conhecer os lugares que ainda estarão lá, eu espero; resta-me torcer para que o ânimo não tenha se esvaído após tanto tempo de descrença, contas, impostos, cansaço. Quem sabe eu me torne uma velha amarga e cheia de dinheiro por não ter com o que gastar, o meu fim talvez chegue com um pôr-do-sol tranqüilo acompanhado de um daiquiri no deck do Café del Mar.

Na realidade o nosso sistema de viver nunca fez sentido nenhum na minha cabeça, a única solução seria passar de lugar em lugar para não ser obrigada a me encaixar em nenhum.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

eu me caso com o primeiro homem que tenha tempo para me escutar e que realmente ouça o que tenho para dizer, mesmo sendo besteira. eu me caso com o primeiro abraço com cheiro de amaciante, com o primeiro sorriso com covinha, com a mão que aperte a minha de leve enquanto caminhamos. eu me caso com ou sem aliança, diante ou não de um juiz; eu até mesmo aceito cerimônia, branco e madrinhas. alguém que queira uma casa na praia me teria todo dia, por inteira. alguém mais alto que eu e que me transmita confiança, um colo que eu tenha como refúgio do mundo louco em que vivo/crio. tomara que esse alguém apareça bem daqui a uns bons meses, depois que eu parar de cheirar a mertiolate (?) tão de longe.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

nesses dias de calor intenso e secura brava eu me pego totalmente nostálgica, os dias extremamente ensolarados me trazem lembranças de risadas que há muito não me acompanham. entre uma lembrança e outra fico me perguntando o que eles andam fazendo, que rumo seguiram, em que cidade estão morando... essas perguntas todas acabam ficando como curiosidades, raramente vou checar, me falta tato para esses encontros repentinos depois de anos distantes. o mesmo acontece com aqueles que me namoraram; a saudade vem seguida de uma impossibilidade de reencontro, tudo que eu sentia antes por cada um (ódio, rancor, afinidade, amizade) sumiu aos poucos deixando lugar para essa saudade blasé que me enrosca pelos pés e logo depois arranja algo para brincar.
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