quarta-feira, 30 de setembro de 2009

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quanta vida pode caber em papéis? ingressos de shows, flyers de festas, anotações, pequenas listas de coisas para fazer (porque eu nunca, nunca, nunca aprendi a usar agenda), cartas de amor pela metade, cartas de amor inteiras que não foram - ainda bem - entregues, bilhetes, boletins assinados, provas, trabalhos, as etapas da minha monografia...etc. só agora que me toquei que realmente estou deixando minha casa, meu quarto, meu armário, meus cadernos velhos, minhas agendas, meus amigos, tudo. já estou em um processo de despedida há tanto tempo que não parecia mais que a despedida vinha de fato com a ausência, com o deixar-pra-trás. agora é hora de deixar pra trás. e agora? o que eu vou fazer com o agora agora? o agora daqui uma semana será melhor que o agora? certo que será menos bagunçado... aliás... será que vai ser menos bagunçado?

somente hoje fui achar novamente um livro da Clarice Lispector que foi tirado de mim no momento certo, por ser o mais depressivo. eis meu primeiro grifo (já no primeiro capítulo): "Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é o desconhecido. O próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena."

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Um comentário:

Diego disse...

Tens Medo do ofoturo!
Medo deseentregar à ele

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